Historia do Junior Gomes

Meu nome é Junior tenho 22 anos sou natural e residente na cidade de Dom Feliciano interior do Rio Grande do Sul cidade que fica mais ou menos 200 km de porto alegre ao sul do estado
Sempre fui e sou sonhador isso me motiva e me mantem vivo sou apaixonado por tudo que tem motor aprendi a dirigir com 9 anos de idade não tenho como negar que a velocidade e a adrenalina mexia e mexe comigo até os dias de hoje.

No dia 16 de abril de 2008 as 16:00 horas da tarde sofri um grave acidente de moto quando vim a colidir frontalmente com um automóvel, Quando me deslocava da casa da minha vo pra minha casa, bati a 110 km/h na época eu tinha 14 anos de idade estava no lugar errado na hora errada. No acidente vim a fraturar a cervical quebrei as vértebras C4, C5, C6 e C7 com diagnóstico de tetraplegia, quebrei o lado esquerdo todo. Clavícula, braço, punho, bacia, e a perna esquerda do joelho pra baixo esfaixou o osso, acabei perdendo o calcanhar e o tendão na hora e tendo uma fratura exposta. 

Do lado direito quebrei o dedo mingo da mão, esmaguei o pulmão e trinquei o pé. Como bati a 500 metros da casa dos meus avós minha família e meus amigos chegaram logo em seguida e minha remoção foi horrível a ambulância não chegava pra prestar os primeiros socorros e eu no chão caído de bruço cheio de fraturas perdendo sangue dai meu vô chegou e eu pedi que ele não deixasse eu morrer ali, eles se assustaram com a gravidade do acidente porque eu colocava sangue de um lado da cabeça e como eu estava de bruço eles não conseguiam ver de onde era o sangramento achavam que era do meu ouvido mas na verdade era de um corte atrás da orelha dai meu vo e meus amigos me juntaram me colocaram dentro do carro e me levaram para a emergência da minha cidade onde fizeram o primeiro atendimento, me imobilizaram e me colocaram dentro de uma ambulância que eu não cabia pois a maca era de outra me transferiram para o hospital de Camaquã, cidade vizinha a minha no trajeto cheio de curvas cada vez que o motorista freiava a maca corria pra frente e eu batia com a cabeça estando com a cervical destruída chegando la fizeram os primeiros exames e constataram as fraturas e um traumatismo craniano e me fizeram um litro de sangue por que já tinha perdido muito, queriam me operar ali mas como eu não iria resistir a anestesia então meus pais não deixaram me operar e solicitaram minha transferência para porto alegre. Fui transferido para o hospital da PUC RS, chegando la 1:00 h da manhã do dia 17, mais exames onde constataram além das fraturas e do traumatismo craniano que a temperatura do meu corpo era 30 e a minha pressão era 4/3 me entubaram e me encaminharam direto pra UTI ou seja estava morrendo me deram 72 hs de vida. Eu resisti as 72 hs que tinham me dado, então operaram minha clavícula, meu pé e reconstituíram minha canela colocando aquelas astes por fora e me fizeram uma traqueostomia e colocaram um dreno no pulmão e fiquei em coma induzido por 8 dias, quando acordei não lembrava onde estava nem o que tinha acontecido então foi vindo a realidade sempre pedi pra que minha mae não me escondesse nada e assim ela fez eu tinha sofrido um acidente meu estado era grave e não andaria mais pelo menos no momento o mundo foi desabando não foi fácil nem sei onde encontrei forças pra sair vivo daquela UTI, eu estava nos aparelhos usando oxigênio e respirador no 15 dia foram tirar o respirador e oxigênio de mim e foram me aspirar que é a limpeza da traquio eu pedindo pra parar porque estava me sentindo mal faltando ar a técnica pouco inexperiente não ligou até que acabou me dando uma parada cardiorrespiratória pra minha sorte a medica estava na cama do lado fui reanimado com massagem e com o bulbo e voltei, me colocaram no respirador novamente por mais dois dias depois disso foram tirando novamente aos poucos ate eu consegui sair dos aparelhos novamente, ai que veio noticia minha traqueia machucou com o tudo e acabou fechando formando uma estenose como estava debilitado e com escaras optaram por ver a evolução do quadro e decidiram me mandar pro quarto com a traquio. Além dos aparelhos usei sonda pra me alimentar enquanto estava em coma, poucos acreditavam que eu sairia com vida daquele lugar a não ser minha mão que aguentou do meu lado desde minutos após o ocorrido ate me trazer com vida pra casa. Acabaram relaxando com minha perna não faziam curativos todos os dias e a infecção foi subindo como era fratura exposta acabou contraindo uma infecção ao qual eu era o segundo caso com a mesma infecção em toda historia do hospital e o primeiro caso não resistiu e acabou falecendo o nome da bactéria era PROVIDENCIA, então minha perna acabou apodrecendo aos poucos, foram fazendo limpezas chamadas debridamento ao qual me levavam para o bloco cirúrgico e faziam anestesia para fazer a limpeza do osso em um desses procedimentos consegui olhar a minha perna pois me faziam anestesia mas não fazia mais efeito quando olhei pro osso fui me preparando psicologicamente pois o osso estava podre. Chegando de volta na UTI disse mae vao ter que amputar a minha perna esta podre e ela logo disse meu filho não se preocupa o medico disse que a infecção esta controlada e eu logo respondi mas mae o osso esta preto podre e descordando dela logo fiquei quieto. No 21 dia de UTI devido a melhora no quadro clinico decidiram me mandar pro quarto então a noticia que eu estava com um infecção gravíssima continuei fazendo as limpezas por uma semana no 25 dia decidiram retirar as astes e no 26 a noticia infectologista veio ao quarto e me disse Junior não tem mais o que a gente faça a infecção esta em um grau muito elevado vamos ter que amputar ou a perna ou tua vida o mundo desabou na minha cabeça mais uma vez. Mesmo assim achei palavras pra dizer a perna, então 20h me levaram para o bloco cirúrgico pra amputar abaixo do joelho fiz a cirurgia e acordei no elevador subindo pro quarto ate então eles não sabiam mais a que altura estava a infecção optaram por amputar acima do joelho e não garantiam que não estava no sangue porque se estivesse eu já era infecção generalizada é morte!

Graças a Deus Após essa etapa fui só evoluindo e melhorando no 59 dia decidiram me mandar pra casa com a traqueostomia. Como eu estava com duas escaras e muito debilitado com baixa imunidade decidiram me mandar pra casa ate eu me recuperar e ganhar a massa muscular e o peso que eu tinha perdido. Então sai do hospital ficamos em porto alegre por mais uma semana fazendo fisioterapia lá após isso vim pra casa e começamos a correr atrás dos prejuízos objetivo voltar andar logo ate então não sabíamos que uma lesão medular era tao grave assim, comecei fisioterapia todos os dias da semana andava 100 km pra ir e voltar a camaqua onde era a clinica de fisioterapia caminho de muito buraco chorava ida e volta de dor aguentei 15 dias ate decidirmos diminuir pra 3 vezes por semana rotina de adaptação em casa foi difícil fralda pra coco não controlava o xixi mexia so os olhos não conseguia comer sozinho não parava e não aguentava muito tempo sentado não conseguia tocar a cadeira não falava por causa da traquio so minha mae me intendia dificuldade pra tomar banho estado quase vegetativo 1 ano encima da cama as evoluções não aconteciam as esperanças iam se indo e o mundo ia desabando na minha cabeça aprender lidar com preconceito meus amigos tocando a vida eu dependendo pra tudo perdi minha privacidade não foi nada fácil mas minha família minhas irmãs e meus amigos não desistiram de mim e foram segurando os esteios da minha vida pra eu continuar tirando forcas pra viver . 1 ano depois as escaras fecharam internei pra operar a traqueia a qual tirei 5 cm pra voltar a falar medico foi franco ou volta a falar ou não volta nunca mais graças a deus nunca engasguei nem deixei de falar sem voz mais falava então logo depois da operação tiraram o tubo quando acordei e já segui falando novamente fiz a cirurgia e fiquei por 15 dias na sala de recuperação muita adrenalina me fizeram pra respirar normalmente pois tinha muita falta de ar no começo. Foram 3 anos de fisioterapia e hidroterapia direto na minha cidade vizinha na qual eu fazia as fisios. Encaixei na AACD foram mais acompanhamentos do quadro e fisioterapia por mais 10 meses 3 vezes na semana na qual fazia 400 km pra ir e voltar a porto alegre então voltei estudar acabei o ensino fundamental comecei e acabei o médio comecei a fazer faculdade de administração de empresas na qual fiz 3 semestres e tranquei tem um ano quero voltar agora em julho se Deus quiser, fui aprendendo a viver novamente e tocando o barco da vida.
Nesse tempo meu primo foi assaltado e acabou tomando um tiro na medula lesão toraxica T6 ou seja somos dois com lesão medular na família acabou indo pro hospital sarah kubtschek de belo horizonte votando de la e me incentivou a ir disse que me faria bem como realmente está fazendo fiz o cadastro e em 3 meses me chamaram em janeiro de 2012 fui pro hospital Sarah Kubtschek de Brasilia cidade na qual me apaixonei por ela pelo clima e fiz grandes amigos foram 45 dias de reabilitação na primeira internação exames fisio esportes aulas e um grande aprendizado de vida com o tempo se passando voltei a ter movimentos quase totais e sentir meu corpo porem minha força e muita pouca em julho de 2012 tornei a internar para fazer uma prótese para treinar ficar de pe foram mais 25 dias internado depois continuei indo uma vez por ano, nos anos seguintes foram só exames e acompanhamento medico minha ultima consulta foi em fevereiro de 2016 a qual internei pela terceira vez por 15 dias exames adaptação na cadeira mais aulas e mais um grande aprendizado de vida, grandes amigos que conquistei ao longo desse tempo que dinheiro nenhum compra. Em Outubro de 2013 comecei a trabalhar na prefeitura da minha cidade como estagiário da secretaria de Desenvolvimento Rural do município foram 1 ano e meio de muito aprendizado na minha vida aprendizado no qual me fez ver e me surpreender comigo mesmo fez eu ver que independente de eu estar em uma cadeira de rodas me fez ver que o mundo não tinha acabado e que eu era capaz, como tranquei minha faculdade meu estagio acabou então fui cargo de confiança do atual governo e continuei trabalhando na mesma secretaria agora como responsável pela parte administrativa por quase um ano quando aconteceu uma grande conquista na minha vida saiu um concurso em novembro me escrevi para as vagas pcd e acabei passando pra agente financeiro continuei trabalhando na Secretaria de Desenvolvimento Rural exercendo as mesmas funções mas tranquilo pela estabilidade que o concurso nos propõem, nunca fui encostado nem aposentado porque quando me acidentei nunca tinha contribuído com inss e a renda familiar não permitia e também porque sempre quis trabalhar, independente e adquir minhas coisas com meu suor. Acordo 6h da manha de segunda a sexta e so venho em casa pra durmir tudo isso me fez bem mesmo sendo tetra fez eu conquistar uma independência grande, hoje funcionário publico concursado e pre candidato a vereador da minha cidade.
Agradeço a todos que sempre me , minha família, meus amigos e colegas meu muito obrigado por sempre estarem me incentivando e me apoiando a nunca deixar eu desistir.
Independete das dificuldades do nosso dia a dia vida que segue, independente de estar em uma cadeira de rodas podemos e somos capazes de ser felizes basta querermos e nos dispor a correr atrás dos ocorridos e do tempo que perdemos.

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